Vinil cresce 45% em 2024 e aquece mercado com oportunidades para artistas independentes na Paraíba

Em alta, vinil reafirma sua relevância entre colecionadores e gera demanda em lojas e feiras  demonstrando o entusiasmo crescente pela cultura do vinil na região

A ascensão do vinil não é apenas um fenômeno nostálgico, mas uma resposta à busca por novas formas de conexão com a música. Foto: Vanessa Pessoa

O mercado fonográfico brasileiro segue em ascensão e um dos grandes responsáveis por esse crescimento é o vinil. De acordo com relatório da indústria divulgado pela Pró-Música Brasil, o consumo de mídias físicas no país apresentou um desempenho surpreendente em 2024, impulsionado pelo crescimento expressivo de 45% nas vendas de discos de vinil, representando um faturamento de R$16 milhões no ano. Os dados refletem uma tendência global, mas também apontam para mudanças significativas no comportamento do consumidor e podem representar oportunidades para artistas e projetos musicais independentes.

Em João Pessoa, a expansão e popularização da cultura do vinil pode ser vista no fortalecimento de lojas especializadas em mídia física sonora, como as tradicionais Música Urbana e Óliver Discos, e abertura de novos espaços que movimentam a cena musical, como a Taioba Discos, que além de loja também atua como selo fonográfico lançando álbuns de artistas paraibanos em formato de vinil. Além das lojas, a cidade viu um aumento nas iniciativas voltadas para o segmento, aproximando ainda mais o público desse formato. Eventos como a Feira Paraíba Vinil, cuja última edição foi realizada em fevereiro de 2025, reuniu mais de 1.500 pessoas na Usina Energisa, demonstrando o engajamento e o entusiasmo crescente pela cultura do vinil na região.

A aposta da Taioba Discos representa uma oportunidade estratégica para artistas independentes – aqueles que não estão sob a tutela de uma grande gravadora. Isso porque nos últimos anos a indústria musical viu crescer a dominância dos serviços de streaming de música, assim como os debates envolvendo a remuneração aos artistas repassada por essas grandes plataformas digitais pela distribuição e reprodução de seus trabalhos.

“Com o vinil, o artista consegue vender um produto premium, que gera um impacto real na sua receita e no reconhecimento do seu trabalho. É um produto que faz a diferença em sua estratégia de merchandising e negócios”, destaca Sérgio Pacheco, diretor executivo da Taioba Discos.

Com o ressurgimento do vinil, os artistas podem encontrar nele uma nova fonte de receita e a chance de estabelecer uma relação mais próxima e direta com seu público. De acordo com as estimativas da Taioba Discos, o lançamento de um vinil pode gerar retorno financeiro inicial que varia entre R$ 12 e 20 mil para o artista, dependendo do impacto do lançamento. Esse valor tem potencial de retornar para ele de forma muito mais rápida e direta, que, assim, pode se capitalizar e viabilizar trabalhos futuros.

A banda paraibana Papangu, que lançou seu mais recente álbum Lampião Rei em formato de vinil pela Taioba Discos, tem percebido isso na prática, com parte da receita gerada pela venda dos vinis sendo usada para dar continuidade ao trabalho, permitindo que o grupo financie suas turnês e grave novos materiais em estúdio.

Rodolfo Salgueiro, tecladista, percussionista e vocalista da Papangu, ressalta que lançamentos em vinil sempre estiveram na mirada da banda, já que desde a concepção os álbuns são pensados dentro da lógica conceitual e técnica que o disco em vinil delimita, com faixas em determinada ordem, duração e em lados. Para ele, é uma perspectiva artística que enobrece o trabalho da banda e entrega uma experiência completa para o público, ressaltando a qualidade do trabalho que é possível executar com o vinil. 

“Com os lançamentos em vinil, a Papangu consegue entregar um produto que funciona não só como um convite à audição, mas como extensão do nosso show. Queremos que o ouvinte interaja com a mídia física também, pois nos orgulhamos de envolver outros artistas nessas produções, como pintores, designers, ilustradores e fotógrafos. Graças ao investimento comparativamente mais alto da banda e do público, é possível angariar o esmero de vários profissionais de alto nível, da engenharia de som à escolha da gráfica, e entregar álbuns de altíssima qualidade sonora, visual e tátil”, explica.

Banda Papangu lança vinil em evento com fãs na loja Taioba Discos. Foto: Vanessa Pessoa

O crescimento do vinil reafirma que a música não perdeu sua materialidade e que o público está disposto a investir em novas experiências. Com esse movimento, João Pessoa se fortalece como um polo cultural para o segmento, proporcionando novas possibilidades para artistas, colecionadores e empreendedores apaixonados pela música brasileira.

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